A AstraZeneca, empresa do setor farmacêutico parcialmente de origem sueca, acabou de lançar um impressionante programa social em São Paulo que tem como objetivo alcançar quase um milhão de pessoas. Vice-cônsul Peter Johansson teve o prazer de presenciar o lançamento e conversou com o Presidente da empresa, Fraser Hall, sobre o projeto.
Conte um pouco sobre o que é o programa Adolescente Saudável?
O Programa Adolescente Saudável (PAS) é uma iniciativa de responsabilidade social global da AstraZeneca em parceria com a organização não-governamental Plan International, que visa sensibilizar os jovens para a importância dos cuidados com a própria saúde, bem como sobre comportamentos de risco relacionados a doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), abordando temáticas como tabagismo, uso nocivo do álcool, sedentarismo, alimentação não-saudável e doenças sexualmente transmissíveis.
Como o programa surgiu/foi criado?
A comunidade global reconhece cada vez mais a importância de discutir inclusão da saúde adolescente na estratégia global das Nações Unidas como uma oportunidade sem precedentes para colocar os adolescentes no mapa político. O objetivo é garantir que todos eles tenham conhecimento, habilidades, e as oportunidades para uma vida saudável e produtiva. O gozo de todos os direitos humanos é essencial para melhorar a saúde, a justiça social, a igualdade de gênero e outros objetivos de desenvolvimento. Levando em consideração a sua atuação na área de saúde, especialmente com as Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNTs), e que 43% da população mundial são jovens, chegando a 60% nos países menos desenvolvidos, e que aproximadamente 1,2 milhão de mortes são atribuídas às doenças crônicas não-transmissíveis em pessoas com menos de 20 anos, a AstraZeneca decidiu criar um programa de Responsabilidade Social Global, no qual pudéssemos contribuir para o desenvolvimento social em localidades com baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). O Programa Adolescente Saudável acontece desde 2010, já alcançou 21 países, e só no Brasil já impactou 1,6 milhão de pessoas em todas as fases do projeto.
O programa já teve versões anteriores no Brasil, por exemplo no Maranhão – quais foram os resultados que você gostaria de destacar?
Sim. No Brasil, a primeira e a segunda fase do projeto ocorreram entre 2010 e 2015 em cinco municípios do estado do Maranhão, segundo estado com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no país, onde foram trabalhados temas de saúde básica, equidade de gênero e hábitos para uma vida saudável. Durante esses cinco anos, o projeto impactou 97 mil jovens diretamente e cerca de 630 mil pessoas da comunidade, entre profissionais de saúde, professores e familiares. Um dos êxitos do programa, que marcou um passo significativo na melhoria dos serviços de saúde para jovens no estado, foi a revisão da política de Saúde do Adolescente pela Secretaria de Saúde do Estado do Maranhão, que foi resultado do envolvimento ativo de educadores pares do PAS com o governo do estado. As revisões incluíram: envolvimento mais próximo da família em todos os processos, contribuindo para a construção do conhecimento e capacidade dos jovens, conteúdo sobre gravidez precoce e aborto inseguro, métodos contraceptivos, informações sobre doenças sexualmente transmissíveis, além de abrir espaço para a adoção de ferramentas de monitoramento, com o objetivo de gerar dados e possibilitar a avaliação da implementação da política.
Quantas pessoas estimam alcançar com o programa em São Paulo?
A Expectativa do Programa Adolescente Saudável é de atingir diretamente 40 mil adolescentes e jovens da região do Capão Redondo e Grajaú e, indiretamente, mais de 700 mil pessoas.
Como o programa vai funcionar na prática?
O objetivo do programa é contribuir para melhorar a saúde e igualdade de gênero entre os jovens de 10 a 24 anos em áreas vulneráveis da Zona Sul de São Paulo, assegurando que eles minimizem comportamentos de risco, com aumento do conhecimento e da capacidade de fazer escolhas acertadas sobre sua saúde.
As atividades serão focadas em quatro estratégias principais: empoderamento dos jovens com foco na adoção de hábitos positivos sobre sua própria saúde; mobilização da comunidade por meio de relacionamento com líderes comunitários, professores, pais e partes interessadas do governo; fortalecimento dos serviços de saúde e educação e criação de uma equipe de engajamento com foco no treinamento dos jovens sobre liderança e protagonismo juvenil, apoiando-os a pesquisar questões fundamentais de saúde em suas próprias comunidades e tomar medidas sobre as necessidades identificadas em colaboração com o governo local. Paralelamente, o programa também funcionará com governos estaduais e municipais para responder às necessidades dos jovens em suas políticas relacionadas e prestação de serviços focados em adolescentes.
Entre as principais atividades, destacam-se a seleção e mobilização de grupos de educadores pares; reuniões com pais para apresentação do projeto; elaboração de currículos de educadores pares sobre DCNTs e igualdade de gênero; treinamento dos educadores pares sobre direitos da saúde e DCNTs e treinamentos focados em aprimoramento das habilidades de comunicação desses jovens.
Com base em todo esse treinamento recebido, os educadores desenvolverão um plano de ação e começarão a compartilhar seus conhecimentos com outros jovens de 10 a 24 anos, com o apoio da equipe da Plan International Brasil. As atividades devem ocorrer dentro de um período de quatro a seis meses, onde os educadores pares serão divididos em grupos e colocarão seu plano de ação em prática, como por exemplo, por meio de peças de teatro, spots de rádio, mensagens visuais ou simplesmente grupos em escolas e áreas comunitárias.
Além disso, o projeto também irá desenvolver uma série de materiais de comunicação sobre temas-chave de saúde, e os jovens estarão envolvidos durante todo o processo de seleção e concepção de materiais.
Uma das partes do programa envolve treinamento/capacitação de adolescentes para se tornarem uma espécie de “embaixadores” do programa e espalharem seu conhecimento para outros jovens. Esta ideia ou formato achei fantástica, como um dos desafios com adolescentes costuma ser obter a atenção deles – hoje em dia combatendo com mídias sociais, celulares, jogos etc. – mas no programa Adolescente Saudável é o próprio adolescente falando com outro colega, ou seja, não de adulto para jovem com o risco de alienação do adolescente.
Como surgiu a ideia deste formato?
A metodologia dos educadores pares é um modelo conhecido que valoriza a educação e troca entre semelhantes. Como o adolescente é um público que busca aceitação dos seus pares, mais do que a absorção de conteúdos de adultos e profissionais, a metodologia foi escolhida pelo programa
O programa trabalhará com a formação de 100 jovens no período de abril a dezembro de 2018, e mais 100 jovens em 2019, que serão treinados em atividades semanais e encarregados de divulgar mensagens de saúde e incentivar comportamentos positivos e saudáveis entre seus grupos de pares. Os educadores pares irão desenvolver vínculos com escolas e comunidades em todas as áreas do projeto.
A metodologia dos educadores pares é muito importante na promoção de discussões, pois permite a reflexão e o debate de temas relevantes entre os jovens. A mesma metodologia será aplicada a todos os cinco comportamentos de risco e permitirá que os jovens compartilhem suas experiências e valores, pensando coletivamente sobre os problemas de saúde que mais os impactam. É um processo que auxilia os jovens nos processos de tomada de decisão e gera um senso de responsabilidade entre os participantes.
Quais são os próximos passos do programa em São Paulo?
Os seis primeiros meses de programa são desenhados para a definição e elaboração das estratégias de implementação das ações. Neste sentido, foram realizadas sensibilizações com profissionais da região, engajamento com instituições locais, levantamento do estudo de contexto para avaliar a realidade local. Os próximos passos são seleção e mobilização de grupos de educadores pares; reuniões com pais para apresentação do projeto; elaboração de currículos sobre DCNTs e igualdade de gênero; treinamento sobre direitos da saúde e DCNTs e treinamentos focados em aprimoramento das habilidades de comunicação desses jovens.
O programa aceita voluntários, se alguém se interessar em ajudar?
Como a metodologia do programa é baseada em um modelo educacional estruturado, não há a possibilidade de voluntariado para as atividades principais do projeto.
Fraser – muito obrigado pelas respostas! Desejamos sucesso com a realização do Programa Adolescente Saudável em São Paulo de todo o Team Sweden!